Trago impregnado na alma, no corpo, na vida,
O perfume de solstício de verão.
Um quase equinócio.
Rocha que agoniza.
Uma solicitude,
de marulho
olhos vítreos,
de terra queimada.
O aroma dos lábios que se deixam morrer num beijo.
A cortina que se desfaz revelando somente o necessário.
Perfume de luz, ar, pedaço de mundo.
Músculos, vísceras,
sol fresco,
rastros de estrelas.
Perfume de primavera orvalhada,
sinfonias de inverno.
O coágulo da ferida,
a felicidade inesperada.
Um haurir.
Um sangrar.
O perfume da palavra indomada.
Da solidão pungida.
Flor de Liz, almiscarados,
néctar da loucura.
O amor silvestre.
Aroma de confidências.
Verdor dos anos,
O perfume de aprendiz.
Transparências das asas esquecidas,
perfume de carinho que se deixa no ar.
Fragrância do cítrico das memórias pálidas.
Cheiro de fome, de sede, de paixão.
Uma inquietação do nada.
O perfume exalado do poema cru.
A excitação do desconhecido.
Cheiro de papel, de escritos, do não dito.
E trago impregnado na alma, no corpo, na vida,
os jardins da poesia.
Ntakeshi